quarta-feira, janeiro 09, 2008

Rifas -1

Subitamente _ assim como sempre que se julga chegar a uma conclusão estupidamente hilariante, por ser simples, óbvia e verdadeira, apesar de escondida _ percebi o verdadeiro significado social das rifas.

Desenrolando cuidadosamente o novelo, constato a lama cívica em que dançamos involuntariamente. Esta é a antítese de Comunidade.

quarta-feira, dezembro 19, 2007

It's the end of the world as we know it...

"Neste momento, a comunidade científica está dividida: certos cientistas acreditam que há pessoas a menos na Terra; outros acreditam que há pessoas a mais. Os que defendem que há pessoas a menos, como é óbvio, nunca tentaram atravessar a ponte 25 de Abril numa segunda-feira de manhã. Há que fazer mais pesquisa, companheiros. Por outro lado, a discussão terminaria com proveito para toda a gente se os cientistas que consideram que o planeta tem gente a mais morressem todos: contribuíam para a diminuição da densidade populacional e deixavam de chatear quem não se importa de viver apertado.
Confesso que não me interesso especialmente por questões demográficas, mas tenho um problema: sempre que se publica um desses estudos segundo os quais o mundo tem excesso de população, eu sinto que sou uma das pessoas que estão cá a mais. Maldito sentimento de culpa.
Uma coisa é certa: todos os estudos que apontam para o cenário catastrófico de um mundo superlotado parecem esquecer um facto a meu ver importante: boa parte das pessoas que estão vivas são idiotas. E essa idiotia acaba por lhes reduzir bastante a esperança de vida. Repare o leitor no seguinte: neste momento, cerca de três dezenas de membros de uma seita russa estão barricados numa caverna, a sudeste de Moscovo. Todos eles estão convencidos de que o mundo vai acabar em Maio de 2008 (o que me causa algum transtorno, porque já tenho coisas combinadas para Junho), e ameaçam cometer suicídio colectivo. Enquanto houver gente desta, o planeta nunca há-de rebentar pelas costuras.
Atenção: não digo que esta gente seja idiota por acreditar que o mundo vai acabar daqui a seis meses. Cada um acredita no que quer e ninguém tem nada com isso. Eu também acredito que ainda hei-de casar com a Scarlett Johansson e não há quem me convença do contrário – nem mesmo a Scarlett, que bem podia parar de fazer queixa de mim à polícia. O que eu reputo de idiota é a opção pelo suicídio a escassos meses do fim do mundo. Como é possível ponderar a hipótese de perder o fim do mundo, que deve ser um espectáculo tão bonito? Se me disserem que o mundo acaba daqui a cinco minutos, eu vou fazer pipocas e sento-me à janela. Suicidar-me, além de estúpido, é estar a trabalhar para o boneco. É verdade que, por mais vistoso que seja o fim do mundo, no dia seguinte não poderemos comentá-lo com ninguém. Mas não deixa de ser reconfortante saber que também não há qualquer hipótese de lermos um daqueles comentários irritantes dos críticos a quem tudo sabe a pouco: «As bolas de fogo não eram assim tão grandes. Nem chamuscado fiquei», ou «O apocalipse podia ter sido mais apocalíptico, especialmente no final.» Não, meus amigos. Eu não perco o fim do mundo por nada deste mundo."


Ricardo Araújo Pereira, in Boca do Inferno (visão online 6dez07) .
So, we're back?

domingo, novembro 25, 2007

e porque não um regressooo

Babilónios, passado este tempo todo, calculo que já se tenham desprendido das amarras da babilónia.... ou será que estão cada vez mais fortes? Será que isso realmente vos interessa? Secalhar estão a gostar... :) seus naughty naughty.
Pois é... inspirado por uma exposição que tive a oportunidade de ver na British Library, intitulada de "Breaking the Rules", deu.me pica para avacalhar outra vez.
Quebrar um pouco as regras do bom senso e da lógica, venha donde ela vier...
A exposição apresenta o movimento europeu "Avant Garde" 1900-1937. E algumas obras de arte e poemas, Fizeram.me lembrar vibrações daqui do Urban-chills...
especialmente aquele poema dos girinos... estou mortinho para ir reve-lo :D
espero que entrem na onda. Bjos e abraços

SECOND ROUND! FIGHT!!!!!!!!!!!!!


H. R. Giger[Swiss surrealist ]

importante não esquecer:

Bienvenido Babilónia

Que os iluminados de Espirito ganhem voz. É o que nos dizem quando passamos na rua. Urban Chilldren, os putos da urb chegaram para marcar posição. Chega de blogs monopolizados pela mesma maralha. Chegou o momento chave da transformação social que virá dentro de uns séculos. Urban CHilldren na casa. Humildes de Nascença
primeiro post do blog : 07/01/2004

quinta-feira, janeiro 18, 2007

The highest treason in the USA is to say Americans are not loved, no matter where they are, no matter what they are doing there.

As pistolas carregadas fazem bem a toda a gente excepto às populações prisionais e de asilos psiquiátricos.
é isso mesmo.
é inflacionário gastar milhões com a saúde pública.
É isso mesmo.
As ditaduras de direita estão muito mais próximas dos ideais americanos que as ditauras de esquerda.
É isso mesmo.
Quanto mais mísseis com bombas de hidrogénio tivermos, todos prontos para disparar a qualquer momento, mais segura estará a humanidade e melhor será o mundo que os nossos netos herdarão.
é isso mesmo.
Os resíduos industriais, especialmente os que são radioactivos, quase nunca fazem mal a ninguém, portanto devíamos todos parar de falar neles.
É isso mesmo.
As indústrias deveriam poder fazer o que quisessem: subornar, destruir o meio ambiente só um bocadinho, consertar preços, lixar os clientes estúpidos, acabar com a competição e saquear o Tesouro quando falirem.
É isso mesmo.
é isso a livre iniciativa.
E é isso mesmo.
Os pobres fizeram algo de seriamente errado, porque senão não seriam pobres, por isso os filhos deles devem sofrer as consequências.
É isso mesmo.
Não se pode esperar dos Estados Unidos da América que olhe pelos seus.
é isso mesmo.
O mercado livre é um sistema automático de justiça.
é isso mesmo.
Estou a brincar.

E se por acaso forem pessoas educadas e pensantes, não serão bem-vindos em Washington D.C. Eu conheço alguns miúdos espertos do sétimo ano que não seriam bem-vindos em Washington, D.C. Lembram-se daqueles médicos há uns tempos atrás que se reuniram e disseram que era um facto médico simples e evidente que nunca sobreviveríamos a um ataque, mesmo que moderado, de bombas de hidrogénio? Eles não foram bem-vindos a Washington, D.C.


in UM HOMEM SEM PÁTRIA - Memórias da América de Geroge W. Bush, por Kurt Vonnegut

sexta-feira, dezembro 15, 2006

"Mas, embora ao nível do senso comum todos saibamos que precisamos de ser tocados, a nossa sociedade educou-nos no sentido de uma privação dessa sensação intuitiva, de modo que não é socialmente aceitável pedir um contacto físico, ou concedê-lo, a não ser numa situação extrema ou traumática."

Liechti Elaine "Shiatsu"


Herb Ritts
[American Photographer, 1952-2002]

quarta-feira, outubro 11, 2006

Transparências em Prata

Cinemateca, Segunda-feira, dia 9 de Outubro de 2006
Realização de João Brehm (PT, 1990 - 90 min)

"TEP é um ensaio poético que recusa a narrativa linear, um filme em que passado e presente, realidade e loucura coabitam. Música de António Sousa Dias."_ anunciava o guia do mês.

Sigamos o filme na forma como se apresenta.

SOBRE O PASSADO

Um homem armagurado, espera, intérmino, os personagens do passado. Acha-se na casa dos seus pais, que já foi dos seus avós e dos pais dos seus avós. Aqueles que a construíram "tijolo a tijolo" e nela foram aprendendo a viver, a criar rotinas e a ensiná-las aos descendentes. Mas o que é o dia-a-dia daquele que se nos apresenta só naquela casa gigante? As folhas de Outono vindas de fora por entre o lixo desarrumam os corredores. A aranha que vai construindo pacientemente a teia que vai da perna ao tampo da mesa e que ele vai destruindo para testar a sua preserverança. Espera, espera. Ninguém vem. Como se vive sem ninguém por perto? Escreve na parede com uma caneta de tinta-da-china. Letra suave que acaba esburacando a cal, atingindo o tijolo num momento final de raiva. Solta um grito, pega na faca. Sangue. Choro.

SOBRE O PRESENTE

Está agora num farol. Há uma luz vermelha, reflectindo-se nos espelhos giratórios ao cimo das escadas em caracol, no cume do edifício. Há mar, lá fora. Um mar de ausência que só se enxerga pela postura do nosso personagem contemplando a imensidão pela pequena janela. Mais uma vez a solidão. Mais uma vez náufrago de qualquer coisa. Agora concretamente náufrago, salvo pela sorte de acostar àquele pedaço de civilização perdido no oceano. Há um diário de bordo na gaveta de uma pequena mesa de madeira no andar de baixo. Que história semelhante à sua. Um sobrevivente único das agruras do tempo conta a história de se estar só no mundo, sabendo, no entanto, que há mais gente algures. Que fazer para resistir até encontrá-los? SOBRE

O FUTURO

Fechado num caixão. Está vivo, mas ninguém percebe isso. Tenta virar-se de lado, para uma posição mais cómoda que aquela em que o puseram. Mas é tão difícil, naquele espaço apertado, mexer os músculos. Um pé descalço, outro com um sapato impecavelmente engraxado. Está de fato, tão contrastante com a roupa com que o víramos antes. Cuidaram-no na morte, faltou lembrarem-se dele na vida.



Este filme nunca teve estreia comercial, tendo sido apresentado em ante-estreia na Cinemateca três anos depois de realizado. Foi, portanto, raramente visto. Infelizmente pouco visto.

Um conceito em risco

Parques Naturais. Alguns insurgem-se contra o conceito. Dizem-nos "parques contra pessoas" para mascarar a causa financeira com os motivos cor-de-rosa de um humanismo inventado à pressa. Terra-mundo. Nosso? Deles?

«Na maioria dos casos, um parque nacional é um acto marcadamente ambivalente, alimentado por objectivos colectivos: sonhador mas prudente, egoísta mas abnegado, local mas com significado global. Ao contrário de um hino ou de uma bandeira, um parque nacional existe nas dimensões concretas da geografia, da biologia e da economia. E também na dimensão do simbolismo. Tem habitantes vivos e fronteiras físicas. Tem vantagens e custos. Tem amigos e, por vezes, inimigos. Tem uma aura de permanência sagrada por ser um local que a sociedade escolheu reservar e proteger para sempre.
Mas quanto tempo dura "para sempre"?»



Esta é a introdução de um ensaio da National Geographic - Portugal de Outubro de 2006, intitulada "O FUTURO DOS PARQUES", escrito por David Quammen. Um nariz-de-palhaço distingue os defensores da civilização oponente a qualquer causa natural que se atravesse no que se pensa ser o caminho do progresso humano daqueles que julgam possível essa mesma civilização com um carácter de respeito pela Natureza. Digo: "É possível", madeireiro troglodita que no documentário sobre desflorestação enfeita de argumentos humanos a devastação que vai provocando. "Olhe só a quantidade de emprego que eu dou a esta gente!"_ diz o senhor. As multinacionais com fábricas na Índia dizem o mesmo, e nem por isso deixam de explorar as crianças como mão-de-obra para coser bolas de futebol. Não é a mesma questão, mas toca no mesmo princípio: não olhar a meios para atingir os fins. E não me digam que é pelas pessoas que vivem desse negócio. Porque elas só sobrevivem.

quarta-feira, setembro 27, 2006

"A vida devolve-te aquilo que lhe dás. Os problemas dos outros são muitas vezes a metade das tuas soluções. Se partilhas, ganhas sempre."

Alex Rovira Celma & Fernando Trias de Bes"A boa Sorte"


Leni Riefenstahl
[German Photographer, 1902-2003]